Resenha: Happycracia: Fabricando cidadãos felizes

Sinopse da Editora:

Em análise provocativa, o psicólogo Edgar Cabanas e a socióloga Eva Illouz traçam a gênese e desenvolvimento do campo da “psicologia positiva”, responsável pela ideia de que a felicidade é o maior objetivo da vida, e que basta força de vontade para alcançá-lo. Os autores revelam a ideologia por trás do sucesso financeiro e midiático dessa tendência pseudocientífica. Neste livro, Cabanas e Illouz fazem uma crítica demolidora da noção de felicidade criada pela psicologia positiva. Felicidade passou a ser sinônimo de "uma atitude passível de ser engendrada pela força de vontade; resultado do treino de nossa força interior e nosso eu autêntico; única meta que faz a vida valer a pena; o padrão pelo qual devemos medir o valor de nossa biografia, o tamanho de nossos sucessos e fracassos, e a magnitude de nosso desenvolvimento psíquico e emocional". Qual a origem dessa noção de felicidade? Como ela é sustentada, e por quem? Em nome de quê é defendida? E, finalmente, quais as consequências da defesa de tal noção? Mais que um valor, um sentimento ou uma forma de avaliar um percurso de vida, a felicidade torna-se uma cultura que transforma cada pessoa em uma empresa autogerida, orientada para a maximização de ganhos. Nesta crítica enérgica, os autores deixam claro que a linguagem neoliberal empregada por aqueles que prometem mostrar o “caminho das pedras” para a felicidade não descreve uma associação metafórica entre a cultura da felicidade, de um lado, e o consumismo, o mundo empresarial e o individualismo vinculados ao capitalismo financeiro, de outro. Trata-se de uma associação direta em que a produção acadêmica dos apóstolos da cultura da felicidade retroalimenta a produtividade corporativa. Com isso, os autores lançam a pergunta: que modelo de felicidade, de trabalho e de sujeito poderíamos contrapor ao modelo dominante de uma felicidade meritocrática e “pronta para consumo”?

Autor(a): Edgar Cabanas

Editora: Ubu Editora; 1ª edição (25 fevereiro 2022)

Capa comum: 288 páginas Assunto: Psicologia Aplicada Saúde, Boa Forma e Dieta

Resenha:

Happycracia é um livro que questiona a ideia de que a felicidade é o maior objetivo da vida e que depende apenas da nossa força de vontade. Os autores, o psicólogo Edgar Cabanas e a socióloga Eva Illouz, criticam o movimento da psicologia positiva, que promete ensinar as pessoas a serem felizes através de técnicas, livros, aplicativos e serviços que movimentam um mercado bilionário. Eles mostram como essa cultura da felicidade é influenciada pelo neoliberalismo, que transforma as pessoas em empresas autogeridas, orientadas para a maximização de ganhos, e que ignora os fatores sociais, culturais e políticos que afetam o bem-estar humano.

O livro é uma leitura provocativa e instigante, que nos faz refletir sobre como a felicidade é construída e vendida na sociedade contemporânea. Os autores apresentam dados, argumentos e exemplos que sustentam sua tese, mas também reconhecem as limitações e os desafios de sua crítica. O livro é bem escrito, embora às vezes se torne um pouco repetitivo e denso. Recomendo a leitura para quem se interessa por temas como psicologia, sociologia, economia e política, e que quer questionar os discursos e as práticas que nos dizem como devemos viver e sentir.

Avaliação: 4/5 Estrelas

Sobre o autor:

Edgar Cabanas Díaz nasceu em Madri, na Espanha, em 1985. É graduado (2008) e doutor (2013) em psicologia pela Universidad Autónoma de Madrid (uam). Entre 2014 e 2016, realizou pós-doutorado no Centre for the History of Emotions, no Max Planck Institute for Human Development (mpg), em Berlim. Em 2016, participou da fundação da rede acadêmica internacional “Popular Psychology, Self-Help Culture and the Happiness Industry”. Desde 2017, atua como professor de psicologia da educação e pesquisador na Universidad Camilo José Cela, em Madri, financiado pelo Programa de Atracción del Talento de la Comunidad de Madrid. Lecionou disciplinas de psicologia, educação e história para alunos de graduação e mestrado na Humbolt Universität zu Berlin, na Universidad Autónoma de Madrid, na Universidad de Barcelona, e na Universidad Oberta de Catalunya. Também coordenou cursos e seminários no Max Planck Institute, na Universidad de Oviedo, na Universidad Complutense de Madrid e na Universidad Nacional de Educación a Distancia